Vamos brincar de escrever uma história de terror?
Bom, não fui exatamente eu que desenvolvi o texto, apenas desenvolvi um roteiro e fiz um breve trabalho de engenharia de prompt de inteligência artificial. Ela escreveu o que eu queria, porém de uma forma muito melhor que eu. As imagens também são gerada por IA.
Esse título, por exemplo, foi ela que escolheu, mas, assim como ao longo do texto, fiz algumas adaptações.
O Internato das Almas Sussurrantes
Naquele tarde abafada, quatro alunos – Ricardo, o líder; Claudia, a cética; Paulo, o medroso; e Sônia, a observadora – decidiram que a aula de Química Orgânica era um preço alto demais a se pagar. O plano era simples: sumir.
“É aqui,” sussurrou Ricardo, parando diante de uma porta de madeira maciça e escura, no final de um corredor de tábuas rangentes no terceiro andar. Um cadeado enferrujado, de um modelo que parecia saído de um museu, segurava as trancas. “A Sala do Piano Desafinado.”
Era o apelido que davam ao lugar, herdado de gerações de alunos. Dizia a lenda que, à noite, acordes fantasmagóricos ecoavam de lá. Com um clipe de papel habilidosamente torcido, Ricardo, após alguns minutos de tensão, ouviu o clique satisfatório. A porta cedeu com um gemido longo e doloroso, revelando uma escuridão densa e poeirenta.
Entraram e fecharam a porta. A sala era, na verdade, um antigo alojamento, como evidenciado pelos azulejos brancos e azuis que revestiam as paredes até o teto alto. A luz fraca que entrava por uma janela suja revelava móveis pesados de jacarandá cobertos por lençóis brancos, que pareciam fantasmas agachados. No centro, um piano de cauda, imponente e negro, dominava o espaço. Foi Sônia quem notou primeiro.
“Olhem o chão.”
Ao redor do piano, o pó havia sido perturbado. Não aleatoriamente, mas formando um padrão: um círculo com símbolos geométricos intricados, que se estendia para baixo do instrumento. Paulo, pálido, apontou para o piano. “Tem algo preso nas cordas.”
Ricardo, com um misto de temeridade e fascínio, levantou a tampa do piano. Um odor doce e nauseante explodiu no ar. Presas entre as cordas de aço, havia penas de galinha pretas, secas e quebradas, e pequenos ossos de animais, amarrados com fios de cabelo escuro. As teclas de marfim estavam manchadas com uma substância ressequida de cor marrom-avermelhada.
Foi quando Claudia, a cética, encontrou o diário. Estava escondido atrás de uma solta placa de azulejo, perto de uma escrivaninha de madeira de lei. A capa era de couro gasto, e as páginas, amareladas e quebradiças, continham anotações em português arcaico. A primeira entrada era de 1887.
“15 de Junho de 1887. O Reitor permitiu que a Irmandade da Noção Verdadeira utilizasse os porões para seus estudos. As crianças órfãs do internato são dóceis e não farão falta. O caminho pelos esgotos, acessado pela grade de ferro decorada no Jardim das Laranjeiras, é seguro.”
O sangue gelou nas veias do grupo. Eles folhearam páginas e páginas de relatos horríveis. Rituais para “purificar o sangue” e “apaziguar entidades antigas”, usando meninos do internato como oferendas. A seita, a tal Irmandade, acreditava em uma eugenia mística, uma busca por pureza que ecoava ideais sombrios. As anotações iam até 1944, terminando abruptamente.
“Os ventos mudaram. O fracasso do Grande Projeto na Europa chegou aos nossos ouvidos. Devemos nos dispersar, apagar nossos rastros. O trabalho da Irmandade, porém, é eterno. O Eco no escuro permanece faminto.”
Nazismo. A palavra pairou no ar, não dita, mas sentida como uma lâmina fria.
Foi então que ouviram os passos. Não no corredor de tábuas, mas vindos de dentro da parede. Um arrastar lento e metálico. De uma parte da sala, atrás de um enorme armário de jacarandá, uma seção de painéis de madeira deslizou silenciosamente, revelando uma abertura escura e baixa – um dos tais corredores secretos de acesso.
O medo, antes uma abstração, tornou-se físico. Eles se esconderam atrás dos móveis cobertos, enquanto uma figura emergia da escuridão. Não era um fantasma, mas um homem idoso, vestindo um uniforme surrado de zelador. Seu rosto era pálido e seus olhos, vazios. Ele carregava uma lanterna fraca e um saco de lixo que se mexia levemente.
Ele se ajoelhou diante do símbolo no chão, sussurrando palavras em uma língua que soava errada, com sons guturais e sibilantes. Então, ele abriu o saco. Dentro, vários gatos pretos se contorciam.
Os adolescentes congelaram, a respiração presa. Paulo, em pânico, recuou e esbarrou em um candelabro de prata em uma estante. O tilintar foi como um tiro na quietude da sala.
O zelador – ou o que quer que ele fosse – ergueu a cabeça lentamente. Seus olhos vazios não mostraram surpresa, mas um reconhecimento antigo e cansado. Um sorriso se desenhou em seus lábios, um gesto vazio de alegria, cheio de uma frieza inumana.
“Os escolares,” ele sussurrou, sua voz um raspado sussurro de pedra sobre pedra. “O Eco sempre sente fome. E as grades nos esgotos… elas precisam de uma nova oferenda.”
Ele deu um passo em sua direção, e a lanterna em suas mãos projetou uma sombra monstruosa e distorcida na parede de azulejos, uma sombra que parecia ter dentes e tentáculos. A sala do piano, outrora um refúgio travesso, havia se tornado uma armadilha. E as almas sussurrantes do antigo internato, aprisionadas nas pedras e nos azulejos, pareciam suspirar de antecipação. A Irmandade da Noção Verdadeira nunca havia partido. Apenas adormecera. E agora, estava acordando.
O sorriso do velho não era de alegria, era de um vigia que, após décadas de plantão, finalmente via uma presa cruzar sua armadilha. Seus olhos, pálidos como nuvens de inverno, fixaram-se no grupo com uma familiaridade aterradora.
"Conheço vocês," ele sussurrou, a voz um arrasto seco. "Conheço o sangue de vocês. Os netos dos que nos expulsaram. O ciclo sempre se repete."
Ele era o Seu Otávio, o zelador mais antigo do colégio, uma figura quase invisível que todos conheciam de vista. Diziam que sua família trabalhava no Pedro II desde a época do Império. Agora, aquela lagem banal ganhava um significado horripilante.
Ricardo, paralisado por um instante, quebrou o feitiço de terror. "CORRAM!"
O grito ecoou na sala de azulejos, e o grupo disparou em direção à porta. O velho Otávio não os perseguiu com vigor, mas com uma calma sinistra. Ele simplesmente ergueu o saco de lona que continha os gatos. Os animais, em pânico, miaram alto, um som de agonia pura. Então, com um movimento fluido e antinatural, ele os arremessou para dentro da abertura escura do corredor secreto. Um último miado, abafado, foi seguido por um som úmido e um silêncio abrupto e pesado. O saco vazio caiu no chão.
Os jovens alcançaram o corredor, seus passos ecoando nas tábuas seculares como tambores de pânico. A porta da Sala do Piano se fechou atrás deles com um baque surdo, mas não ouviram o barulho do cadeado. Era como se o velho não se importasse que eles fugissem. Como se soubesse que eles já estavam marcados.
Desceram a grande escadaria de mármore, tropeçando, sem destino, até se enfiarem nos banheiros dos fundos, próximos aos laboratórios de ciências, cujos esqueletos de animais em formol sempre os haviam assustado. Ofegantes, encostaram-se nas portas de madeira.
"Ele... ele jogou os gatos lá dentro," gaguejou Paulo, o rosto encharcado de lágrimas silenciosas. "Para O Eco."
"Ele é o zelador," disse Claudia, a voz trêmula, mas a mente funcionando a todo vapor. Ela ainda segurava o diário da Irmandade como se fosse uma brasa. "Ele tem as chaves de tudo. Ele sabe de todos os corredores secretos, de todas as grades dos esgotos."
Foi quando notaram a ausência.
"Sônia?" Ricardo olhou em volta, desesperado. "Onde está a Sônia?"
O coração deles gelou. Ela estava atrás deles quando correram. Eles tinham certeza. Mas em algum lugar na descida caótica pela escadaria, na sombra que parecia se esticar mais naquele dia, Sônia havia desaparecido.
O pânico deu lugar a uma determinação fúnebre. Foram para a casa de Ricardo, num apartamento em Laranjeiras, e trancaram a porta. O diário estava aberto sobre a cama. A história estava toda lá. A Irmandade da Noção Verdadeira, uma seta de intelectuais e membros da alta sociedade que se infiltrou no colégio no final do Império, usando o internato como um viveiro de "ofertas puras". Seus rituais, realizados nos porões e conectados aos esgotos através de uma passagem secreta no Jardim das Laranjeiras, protegida por uma pesada grade de ferro ricamente decorada com símbolos que agora reconheciam como os mesmos do diário.
A seita sobreviveu à República, sobreviveu ao tempo, e flertou com as ideias nazistas nos anos 30 e 40, vendo na eugenia um espelho secular de seu próprio misticismo racial. A última entrada falava de um "Receptáculo" que precisava ser "alimentado" periodicamente para manter um "equilíbrio" – uma entidade ou força que chamavam de O Eco no Escuro.
"Ele pegou a Sônia para... alimentar O Eco," disse Ricardo, a voz rouca. "O velho disse que as grades precisavam de uma oferenda. Ele não vai matá-la logo. O diário fala em 'preparação'."
Claudia concordou, folheando as páginas. "Precisamos descobrir como quebrar isso. Deve haver algo aqui, uma fraqueza. A Irmandade não parou em 44, eles só se esconderam melhor. O Seu Otávio é o último? Ou será que há outros?"
O plano deles era perigoso e dependia de sorte. Eles precisavam voltar ao colégio à noite. Precisavam encontrar a tal grade no Jardim das Laranjeiras e acessar os esgotos. O diário mencionava que a "Alimentação" ocorria em noites de lua nova, e a próxima era em três dias. Tinham esse prazo para encontrar Sônia.
Enquanto a noite caía sobre o Rio, os três amigos, unidos por um segredo horrível, olhavam pela janela em direção ao centro da cidade, onde o colégio imperial se erguia como um túmulo de pedra. Eles não eram mais apenas alunos preguiçosos. Eram caçadores de sombras, entrando em um jogo mortal que começara um século antes, com a terrível sensação de que, ao abrirem aquela porta trancada, eles próprios haviam despertado O Eco de seu sono faminto.
.jpg)

.jpg)
Nenhum comentário:
Postar um comentário